Gestão hídrica na agricultura minimiza o impacto das alterações climáticas
Escrito por Rádio Planíce em Fevereiro 10, 2023
A Direcção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR), em conjunto com os parceiros do projecto “Conhecer para Prever o Futuro”, do PDR 2020 – Programa de Desenvolvimento Rural de Portugal, apresentou as conclusões dos estudos recentemente realizados.
A previsão das necessidades de água para rega em cada cultura, o assegurar essa disponibilidade futura nos aproveitamentos hidroagrícolas nacionais, em função das mudanças climáticas e a alteração das práticas agrícolas ou estratégias de rega, foi o principal objectivo do projecto.
Desta forma, incidiu em 31 aproveitamentos hidroagrícolas colectivos públicos, onde foram avaliadas as necessidades de água para a agricultura de regadio face às alterações climáticas. Foram colocados dois cenários climáticos, um mais optimista, onde se estima um aumento médio global de temperatura na ordem dos 1,8⁰C, e outro mais desfavorável, com uma temperatura superior em 2,2⁰C.
Conclui-se assim que, em termos globais, é expectável um aumento das necessidades de água para rega em +16,5% e +27,5% para cada cenário de alteração climática, considerando uma situação agronómica ‘business as usual’, ou seja, mantendo-se a actual situação.
Constatou-se que a análise dos impactos das alterações climáticas nas necessidades de rega de um conjunto de culturas e a definição de medidas de adaptação das culturas, depende em grande medida do tipo de cultura.
No caso das culturas anuais, as alterações climáticas levarão a um encurtamento do ciclo da cultura, a uma sementeira mais precoce, o que reduz a exposição destas culturas aos períodos de temperaturas excessivas, permitindo também reduzir o consumo de água destinada à rega.
Nas culturas permanentes, em particular o olival, o aumento da temperatura leva a uma antecipação da floração e a um aumento do período de dormência estival da cultura, tornando a colheita da azeitona mais tardia. Neste caso, mantendo-se a estratégia de condução de rega, vai verificar-se um aumento das necessidades globais de rega na ordem de 15% e 23%, para cada um dos cenários climáticos. Porém, se o produtor aplicar um maior “stress” hídrico nos períodos de menor sensibilidade hídrica, poderão obter-se poupanças de água até 22%.
O projecto “Conhecer para Prever o Futuro” desenvolveu-se no âmbito da Assistência técnica da Rede Rural Nacional e teve como entidade líder a DGADR, como parceiro o Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio (COTR), e colaboração científica do Instituto Superior de Agronomia (ISA).