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Campanha de Azeitona: Cooperativa de Moura baixa para menos de metade

Escrito por em Fevereiro 8, 2023

A previsão de uma produção “fraca” da campanha 2022/23 de azeitona, da Cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos (CAMB), concretizou-se, com a recepção de 27 mil toneladas de azeitona, que quando comparada com período homólogo de 2021 (62 mil toneladas), desceu para menos de metade.

Tal como o presidente José Duarte confirmou à Planície, esta foi uma campanha de “contra-safra” e em “linha também com o que foi a nível mundial, de produções baixas”.
Com uma duração de três meses, na Cooperativa de Moura e Barrancos a campanha iniciou em meados de Outubro e prolongou-se até meados de Janeiro, com a recepção de “27 mil toneladas de azeitona e que transformámos em 4.300 toneladas de azeite, a maioria azeite virgem extra de qualidade superior”, afirmou José Duarte.

Esta campanha contrastou com a passada, onde a CAMB recebeu 62 mil toneladas de azeitona o que resultou aproximadamente em 10 milhões e meio de quilos de azeite.
A quebra de produção, tal como explicou, “foi significativa nos olivais tradicionais”, motivo de apreensão, já que “a maioria dos olivais que estão dentro da cooperativa, ainda são tradicionais de sequeiro. Tivemos muitos olivais onde os agricultores nem sequer entraram para colher azeitona, porque não era viável em termos económicos”.

Não é a primeira vez que o empresário agrícola alerta para esta situação. “É preocupante para a sustentabilidade dos agricultores e dos olivais tradicionais, que este ano vão ter prejuízo na sua actividade. Fizeram todas as etapas do longo do ano e acabaram por não colher o produto desse trabalho”.

A questão é ainda mais profunda, com a mudança de paradigma no sector agrícola. “Nos últimos 20 anos o Alentejo sofreu uma grande transformação com o regadio. Conseguimos ter produções por hectare no regadio, obviamente com custos de produção mais elevados por hectare, mas com rentabilidades maiores”. Contrariamente, “os olivicultores tradicionais de sequeiro nos últimos anos, não estão a ter rentabilidade. É algo que nos preocupa”, adiantou.

A expectativa de alteração estava no “Plano Estratégico da Política Agrícola Comum – PEPAC, com apoios mais justos para o olival tradicional e para a Rede Natura, mas ao que tudo indica, vai continuar na mesma”. É preciso que haja “vontade política e não pode ser só a cooperativa a falar e a explicar o problema”, referiu José Duarte. “Precisamos de dois eixos fundamentais na nossa região, como os apoios ao olival tradicional e à Rede Natura e a construção do bloco de rega (Moura/Póvoa/Amareleja”.

Mais do que a quebra na produção de azeitona, já expectável, José Duarte alertou em conversa com a Planície para o problema da falta de apoio ao sector agrícola no concelho de Moura.