Faixa Atual

Título

Artista

Atual

Atual

Background

Entrevista com Luís Jacob, de saída como presidente do Moura Atlético Clube

Escrito por em Junho 13, 2022

Depois de consumada mais uma época desportiva, o Moura Atlético Clube (MAC) terminou o campeonato da 1ª Divisão Distrital no segundo lugar com 67 pontos, que lhe dá acesso à participação na primeira eliminatória da Taça de Portugal.

Na conclusão da temporada 2021-2022, a Planície entrevistou Luís Jacob, presidente do MAC, em que o mesmo diz que “falhei o objectivo traçado”.

“Ao longo da época, tivemos altos e baixos, alguns jogadores que deviam ter reforçado a equipa, nomeadamente Bruno Torres e Joseph Amoha, que por razões diferentes, não puderam fazer parte do plantel. Tivemos uma equipa focada no campeonato, mas não foi o suficiente para chegar ao primeiro lugar. O Vidigueira mereceu o título, deixo aqui os meus parabéns”, referiu o presidente do Moura.

“Estou esgotado e já não aguento mais”

Por outro lado, Luís Jacob afirmou que não se recandidata a presidente do clube: “Não me vou recandidatar ao novo biénio, porque neste momento estou desgastado, as coisas não estão como eu imaginava em termos de controle do clube”.

E diz: “São 10 anos de desgaste, onde tivemos dois anos de covid e actualmente falta-me apoio financeiro. Temos as nossas obrigações, como pagar a Segurança Social dos funcionários, os ordenados dos jogadores e depois tenho 20 mil euros por ano em inscrições, seguros e taxas de jogo. Acrescento ainda as despesas dos funcionários (80 mil euros por ano) e material para o estádio, o que representa 100 mil euros. Neste momento, a câmara (de Moura), cumpre o que está no protocolo, que são 114 mil euros mais transportes, água e luz, para ter uma estrutura de futebol é difícil. Estou esgotado e já não aguento mais”.

Apesar de tudo, Luís Jacob sente orgulho na infraestrutura que serve o clube: “Há uma coisa da qual me orgulho, é o nosso parque desportivo, nós, com o apoio da câmara, suportamos a manutenção das instalações, mas é muito difícil. Nos últimos anos têm sido um pesadelo para mim, as instalações consomem praticamente todo o dinheiro que vem da autarquia. Tenho feito ao longo deste tempo, um enorme esforço para explicar este problema, mas chega, estou cansado e assim sendo não me vou recandidatar”.

“Financeiramente estar à frente de um clube como o Moura Atlético Clube sai caro ao presidente”

O ainda responsável do clube não deixa de fazer um reconhecimento especial: “Fica um agradecimento à camara, já que a partir do momento em que construíram o complexo desportivo, o MAC casou para toda a vida com a autarquia. O grande problema é que a equação está mal feita e eu não consigo suportar aquele peso todo. O futebol não é como antigamente, em que as infraestruturas eram novas. Agora têm mais de 20 anos, precisam de renovação. Eu estou farto de me empenhar e de gastar todo o dinheiro que consigo angariar, perdi a vontade”. Acrescentando ainda que: “Apesar de tudo, o MAC pagou sempre aos atletas e treinadores, é um clube saudável financeiramente. O clube só tem uma divida e é comigo, porque fui sujeito a muitas pressões que eu não imaginava. Havia datas limite para pagamentos, e eu tive de pagar, por isso foi um esforço que eu fiz. Financeiramente estar à frente de um clube como o Moura Atlético Clube sai caro ao presidente”.

O actual presidente não lamenta o dinheiro que investiu no clube: “A minha vida permitiu-me ajudar o Atlético, fiz um grande esforço, não olho a isso, gostei de ajudar o clube da minha terra, do meu coração”.

“Sinto que o dever ficou cumprido”

No final o dirigente agradece a todas as pessoas que o ajudaram durante uma década: “Fico emocionado, porque foram 10 anos de grande dedicação e agradeço a todos que estiveram ao meu lado. É verdade que passámos momentos muito bonitos no MAC, fico nostálgico. Desta forma, agradeço à minha família, sócios, adeptos, directores, funcionários, jogadores, treinadores, empresários e todos os parceiros que patrocinaram o clube e amigos que me ajudaram ao logo destes anos. Sinto que o dever ficou cumprido”, remata Luís Jacob em entrevista exclusiva à Planície.